sábado, 21 de maio de 2011



“Ameaça à ordem e ao sistema de controle.
Mente engatilhada pronta pra agir.
Há grades e muros esperando por você.
A sociedade policial quer o seu fim”.

A mente subversiva está sujeita ao exílio. Mas ela tem que agir em todos os sentidos. Dentro e fora dessa prisão. Se dentro o físico não permite, haja mentalmente e espiritualmente, escreva, leia, grite, vomite, faça o que tiver que fazer pra se libertar do sufoco que a prisão te causa. Você vai continuar sendo o que sempre foi: Aquele que luta por justiça, que se afugenta por meio das ações e das atitudes extremas, que fomenta a violência e o ódio contra esse sistema falido e hipócrita no qual vivemos. E foi por isso que te botaram aí dentro. Por que você representa perigo ao esquema político podre e imundo que forja atitudes civis e sãs de todos os indivíduos dessa terra. E por você não fazer parte de toda a imundície, você é tratado como o próprio imundo. Essa é a ironia desse mundo, amigo. Você se torna a sujeira que eles expelem de si próprios. Eles querem varrer você, te jogar no lixo, te matar por dentro, te fazer um deles. Mas a tentativa vai ser em vão. O que você pensa ninguém tira de você. Te aprisionar não vai te fazer ser mais “cívico” mais “humano”, mais “cidadão”. Você é o que nós também somos: A inquietação, a importunação, a subversão. Nós somos os lixos que eles querem varrer e não vão conseguir. Estar preso neste sistema nos faz buscar a liberdade na mente.

Tali

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Manifesto Queer Insurrecionário!



Queer é um termo reclamado. Seu uso contemporâneo é para descrever gêneros e sexualidades que não se conformam com a sociedade heteronormativa.

Queer começou a ser usado como um insulto às pessoas de gênero e sexualidade diferente (seu significado em inglês é “incomum”), mas rapidamente se converteu num termo para expressar nossas identidades. A maioria das pessoas entendem queer como sinônimo de GLBT. Este entendimento falha em analisar nossa experiência como pessoas queer. Para nós, queer não é uma área estabelecida, queer não é uma identidade que faz parte de uma lista de categorias sociais corretas e aceitas. Queer é uma identidade definida contra a dominação hetero-monogâmica-patriarcal-branca e também uma identidade que se aproxima com aquelas pessoas que estão marginalizadas e oprimidas. Queer representa nossas sexualidades e gêneros, mas também muito mais. Queer é a resistência ao regime no "normal".

Como queers nós entendemos a normalidade. A normalidade é a tirania da nossa condição. A normalidade é violentamente imposta a cada dia, a cada hora sobre nós. A normalidade é a miséria e a opressão. A normalidade é o Estado, é o capitalismo. É o colonialismo e o império. É a brutalidade. É violação. A normalidade é cada forma em que limitamos nossa identidade ou aprendemos a odiar nossos corpos.

Nós falamos de guerra social. Nós falamos disto já que uma pura análise das classes sociais não nos bastam. Que significa uma análise marxista da economia mundial a um sobrevivente de um espancamento? Aos trabalhadore/as sexuais? A um sem teto ou a jovens fugidos de suas casas? Como pode uma simples análise de classe ser a base de uma revolução, que promete libertar a aquele/as de nós que estamos experimentando e viajando mais além dos gêneros e sexualidade que nos são atribuídos? O proletariado como um sujeito revolucionário marginaliza a quem suas vidas não encaixam no modelo do trabalhador heterossexual.

Lênin, Marx e Proudhon nunca jogaram [viveram] como nós.

Nós queremos converter a dominação em ruínas. Esta luta que inabita cada revolução social é o que conhecemos como guerra social. É o processo e a condição do conflito com a normalidade.

Neste discurso queer, estamos falando da luta contra a normalidade. Para nós queer significa guerra social. E quando falamos de queer como um conflito contra toda a dominação, o falamos seriamente.

O normal, o heterossexual, a família comum, estes exemplos sempre foram construídos em oposição a nós. Heterossexual não é queer. Saudável não tem HIV. Homem não é mulher. Os discursos da heterossexualidade, o patriarcado, o capitalismo se reproduzem a si mesmos como um modelo de poder. Para o resto de nós só há morte.

Nas ruas um "maricas" é espancado porque sua representação de gênero é muito feminina. A um pobre homem transexual que não consegue o dinheiro para seus hormônios salva vidas. Trabalhadore/as sexuais são assassinados por seus clientes. Um genderqueer é violada porque necessitava "ter sexo heterossexual". Mulheres lésbicas são encarceradas por defender-se contra homens heterossexuais que as agridem. A polícia nos brutaliza nas ruas.

Queers experimentamos, diretamente com nossos corpos a violência e a dominação deste mundo. Temos nossos corpos e desejos roubados de nós.

A perspectiva queer dentro do mundo heteronormativo é a que nos permite criticar e atacar o aparato capitalista. Nós podemos analisar as formas em que a medicina, a igreja, o Estado, o matrimônio, os meios de comunicação, as fronteiras, o exército e a polícia são usados para nos controlar e destruir. E ainda mais importante, podemos usar estes casos para articular um criticismo coeso de todas as formas em que somos alienado/as e dominado/as.

A posição queer é uma posição onde se ataca o normal. E é desde esta posição que a história dos queers organizados tem tomado sua forma. O/as mais marginalizados - pessoas trans, pessoas de cor, trabalhadore/as sexuais - sempre tem sido a base das chamas da resistência militante queer. Esta resistência tem sido acompanhada pela análise radical que afirma que a liberação queer está amarrada com a aniquilação do Estado e do capitalismo.

Se a história prova algo, é que o capitalismo tem uma tendência de pacificar os movimentos sociais. Isto, trabalha simplesmente. Um grupo ganha privilégio e poder dentro do movimento e pouco depois, traem seus companheiro/as. Alguns anos depois dos distúrbios de Stonewall, homens gays brancos e de classe média marginalizaram toda a gente que havia feito seu movimento possível e abandonaram a revolução.

Antes, se queer era estar em conflito direto com as forças de dominação. Agora nos tocou nos enfrentarmos ao estancamento total e a esterilidade. Como sempre, o capital transformou trans que atiravam pedras nas ruas em políticos e ativistas bem vestidos. Há gays republicanos e democráticos. Há países onde até há bebidas energéticas "gay" e canais de televisão "queer" que fazem a guerra mental, com o corpo e a autoestima da juventude. O estabelecimento político "GLBT" converteu-se numa força de assimilação, gentrificação e do poder estatal e capital. A identidade gay se converteu em um produto, uma comodidade e um aparato que funciona para retirar-se da luta contra toda a dominação.

Agora já não criticam nem o matrimônio, nem o exército, nem o capitalismo, nem ao Estado. Há campanhas para a assimilação queer dentro de cada uma. Suas políticas apóiam todas as instituições que reinformam a heteronomatividade, em vez de buscar a aniquilação daquelas. "Gays podem matar pessoas pobres da mesma forma que pessoas heterossexuais!" Gays podem ter reinos de capital e poder igual as pessoas heterossexuais!" "Somos iguais a vocês!"

Assimilacionistas buscam nada menos que construir o homossexual como o normal - rico, monogâmico, carros luxuosos, residências privadas. Esta construção, claramente reproduz a estabilidade da heterossexualidade, o patriarcado, o binário de gênero, o capitalismo.

Se nós realmente queremos destruir esta normalidade, necessitamos tomar uma posição firme. Não necessitamos da inclusão ao matrimônio, nem do exército, nem do Estado. Temos que destruí-los. Não mais político/as, nem chefes, nem policiais gays. Necessitamos separar as políticas de assimilação e as políticas de libertação.

Necessitamos reencontrar nossa sucessão como queer anarquistas descontrolado/as. Necessitamos destruir estas construções da normalidade, e ao invés, criar posições baseadas em nossa contrariedade a esta normalidade, uma alternativa capaz de desmantelá-la. Necessitamos usar esta posição para instigar rupturas, não só destas políticas de assimilação, mas do capitalismo em si mesmo.

Nossos corpos nasceram em conflito com a ordem social, temos que aprofundar este conflito e fazer com que se espalhe.

Devemos criar um espaço onde é possível desejar. Este espaço, obviamente, requer conflito com a ordem social. Para desejar, em uma sociedade estruturada para confinar o desejo, é uma tensão que vivemos diariamente.

Este terreno, que nasce na ruptura, deve desafiar a opressão em sua integridade. Isto significa a negação total ao mundo. Devemos nos voltar os corpos em rebeldia. Nós podemos apreender a fortaleza de nosso/as corpos em rebeldia para criar o espaço para nosso/as desejos. No desejo encontraremos o poder para destruir o que nos destrói. Temos que estar em conflito com o regime do normal.

Este artigo é uma tradução do panfleto "Towards the queerest insurrection” e o link está em:


Este artigo é uma tradução do panfleto "Towards the queerest insurrection” e o link está em:
Páginas que relatam a insurreição queer mundial:
Fonte:agência de notícias anarquistas-ana


quinta-feira, 5 de maio de 2011

Medo e Luta!


Que os dias passem, que os anos voem, nunca, jamais se arrependa das escolhas que fizer, pois tudo que lhe fizer bem me fará bem. Que o respeito e a sinceridade de alguns contamine outros, pois não haverá paz se não lutarmos pelo que acreditamos. Tomara que um dia todos nós possamos nos sentar em algum lugar e dizer “sou livre!” .Pois essa luta interminável que nos assombra durante a noite e que nos fadiga durante o dia, haverá de  terminar... Cedo ou tarde. E isso depende de todos nós. Essa noite sonhei com a "utopia", um belo, lindo sonho. Acordei assustado, ouvi gritos, mas em minha própria mente a realidade me acordou. Estamos em estado de guerra, estamos sujeitos a tudo! E quem disse que não temos medo? Claro que temos!!! Medo de perder alguém que  amo, medo  de  não  acordar, medo  de  não ver  mais ninguém em quem me apoio , medo de  perder o mais forte dos amigos, medo de desistir, medo de sentir medo, mas é este, o medo,  que tira a coragem de lutar, a vontade de vencer! Tudo que vai, volta. Mas nem sempre do mesmo jeito.
Digo que não sei o que fazer amanhã, mas sei o que fazer depois de amanhã, minha  vida,  sua  vida, nossas vidas são um baú de surpresas... Esteja  pronto para ela. Por isso digo amigo, que não importa o que aconteça, não importa quanto tempo passe, estarei pronto para lutar. E que um dia tudo isso seja uma lembrança e que aquele sonho seja realizado, que os muros  sejam  derrubados! Eu sei que meu coração ANTIFA estará vivo!

Texto por Bizarro

terça-feira, 3 de maio de 2011

Cultura Marginal

    Antes de tudo ou nada, gostaríamos de deixar claras nossas intenções.
Há tempos,tinhamos a idéia de produzir um zine, mas a falta de tempo e ou até mesmo força de vontade não nos permitiu escrever e lançar o tal zine.
     Mas o mais importante, é que nunca é tarde para tudo ou nada, afinal ainda estamos vivos e cedo ou tarde sairia de nossas mentes, talvez doentes, o que sentimos e pensamos em relação a tudo que nos cerca e faz parte do nosso dia a dia. A luta diária de ter que trabalhar, roubar, estudar e muitas outras atividades forçadas ou feitas por paixão, sempre necessárias para nossa sobrevivência, que fazem nos sentirmos vivos e às vezes mortos. Sabemos muito bem que muitos passam pela mesma situação e também não encontram tempo ou forças para expor os pensamentos estão às margens da sociedade. Por isso a necessidade de representar em palavras escritas nossos anseios, nossa angústia, nossa felicidade, nosso ódio, nossa liberdade e nossa vingança.
     Vingança esta contra a sociedade podre de valores cristãos, conservadores, totalmente ultrapassados e definhados que agridem e torturam nossa existência. Não espere por textos bem escritos e bonitos, até por que não somos intelectuais, somos apenas marginais. Não somos escritores ou artistas atrás de inovações e reconhecimento, por isso não nos preocupamos nem um pouco se o que escrevemos é ou não considerado clichê, até por que tudo ou nada já foi escrito em relação a essa sociedade podre e a vida miserável que levamos. 
    Não deixamos nos levar pela onda de apatia que o sistema de controle baseado em um moralismo religioso nos impõe ao nascer, estamos aqui para agir, gritar, lutar por nossas vidas com a certeza de que não somos os primeiros e não seremos os últimos.